A situação de calamidade enfrentada pelo Rio Grande do Sul devido aos temporais e inundações segue se agravando. O mais recente boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, publicado nesta quinta-feira, 9 de maio, demonstra que o número de mortos chegou a 107. Além disso, o documento registra um total de 136 desaparecidos, além de 374 feridos.
Estima-se que mais de 200 mil pessoas encontram-se fora de suas casas, muitas delas alojadas em abrigos enquanto outras permanecem hospedadas temporariamente em residências de parentes ou amigos.
Infraestrutura em colapso
A infraestrutura do estado também foi severamente afetada, com milhares de imóveis sem energia elétrica e um número significativo de clientes da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) sem acesso adequado à água potável. Além disso, os serviços de telefonia e internet foram comprometidos em diversas regiões, dificultando a comunicação e a coordenação de esforços de socorro. As escolas, sobretudo, foram severamente impactadas, com centenas delas sofrendo danos gravíssimos danos estruturais, enquanto outras seguem utilizadas como abrigo para pessoas desalojadas. O setor de transporte também foi prejudicado, com problemas de acesso e mobilidade que afetam diretamente cerca de 273 mil estudantes.
Trecho da BR-386 totalmente destruído pela força das águas do Rio Taquari, em Lageado: cidade está isolada – (crédito: AFP)
Estado de calamidade
O governo estadual decretou estado de calamidade e solicitou recursos federais para ações de defesa civil, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais. Nos últimos dias, houve uma intensa mobilização de empresários, artistas, atletas, políticos e influenciadores digitais para arrecadação de recursos em prol do resgate e acolhimento dos gaúchos vitimados. O entendimento geral, porém, é que a reconstrução será um processo longo e custoso, dada a extensão dos estragos causados.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, revelou as estimativas preliminares de investimentos para reestruturar o estado. “Os cálculos iniciais das nossas equipes técnicas indicam que serão necessários, pelo menos, R$ 19 bilhões para reconstruir o Rio Grande do Sul. São necessários recursos para diversas áreas. Insisto: o efeito das enchentes e a extensão da tragédia são devastadores”, declarou.
Urgência de medidas estratégicas
A análise do pesquisador Rodrigo Lilla Manzione, professor e especialista em gestão de recursos hídricos da Unesp em Ourinhos, destaca a necessidade urgente de investimentos em planos de emergência, infraestrutura adequada e políticas de prevenção para lidar com os impactos das mudanças climáticas. Ele ressalta também a importância de um debate informado e responsável entre parlamentares e a sociedade sobre a necessidade de medidas concretas para mitigar esses eventos extremos.
A tragédia no Rio Grande do Sul não é apenas um problema local, mas um alerta para a urgência de ações coordenadas e eficazes em nível nacional para lidar com os desafios crescentes relacionados às mudanças climáticas e suas consequências devastadoras.